Cortejo do Maracatu Palmeira Imperial na FLIP

Paraty, 15 de julho de 2015

Carta aberta aos responsáveis pela Flip

O Maracatu Palmeira Imperial é um grupo sem fins lucrativos que há oito anos estuda e divulga na cidade de Paraty o Maracatu de Baque Virado, manifestação popular criada pelos escravos pernambucanos há mais de 200 anos. É motivo de orgulho para nós participar ativamente dessa história de luta e resistência.

Mesmo estando longe do contexto da escravidão, sabemos todos que a luta dos povos negros está longe de seu fim. Sentimos seus efeitos nocivos aqui mesmo, pois há feroz rejeição de parcela da população de Paraty ao nosso trabalho apenas porque a raiz do maracatu está firmemente plantada no solo rico e fértil das religiões de matriz africana.

Por esse motivo, exultamos ao receber um convite para tocar na Flip. Reconhecemos a importância de mostrar o Maracatu de Baque Virado em uma festa tão bem reputada internacionalmente. É essa uma grande chance de reforçar as trincheiras nessa luta que travamos.

Não podia também ser melhor o momento, dado o homenageado desse ano na Flip ser justamente Mario de Andrade, o primeiro grande intelectual do sul do País a pesquisar não só o Maracatu, mas todo o contexto da cultura popular brasileira fora dos grandes centros urbanos. Já no começo do século passado, o escritor percebia a riqueza dessas manifestações.

Sabemos, também, que Mario de Andrade enfrentou muitas dificuldades para a realização de seu trabalho, principalmente devido ao desprezo que a elite da época nutria por tudo aquilo que vinha de nosso povo.

Não foi sem surpresa, portanto, que percebemos a mesma resistência vinda de parte da organização da Flip com relação à apresentação do Maracatu Palmeira Imperial no evento. Ficou claro para nós que o convite para nossa participação não era unanimidade entre os organizadores. Sentimos como se não houvesse grande vontade de inserir na programação um cortejo de uma manifestação legítima, bonita e absolutamente dentro do contexto da festa.

Foi uma negociação longa e difícil. Apesar de nossos pedidos serem bastante modestos, foram quase todos recusados. Conseguimos, por fim, a inserção de falas de nosso coordenador Augusto Menezes no telão durante o intervalo das palestras. Ao menos esses momentos, junto com o soar de nossos tambores no final da festa, serviram para levar ao público da Flip nossa mensagem, que está intimamente ligada à história dos povos afrodescendentes de Pernambuco.

Não queremos, com essa carta, criticar a organização do evento. Apenas lamentamos que tenhamos perdido a oportunidade de uma parceria mais forte entre a Flip e as manifestações populares produzidas em Paraty. Essa parceria fortaleceria muito a luta de todos nós e a daqueles que representamos.

Com estima,

Maracatu Palmeira Imperial

Festival de Inverno de Cachoeira Paulista

No dia 21 de julho de 2013 o Maracatu Palmeira Imperial subiu a serra para uma apresentação no Festival de Inverno de Cachoeira Paulista/SP. O público lotou a praça onde o baque esquentou a noite. Agradecemos aos organizadores pela oportunidade de estarmos divulgando o trabalho do grupo, difundindo a linguagem do maracatu de baque virado, mais especificamente a linguagem da Nação Maracatu Porto Rico.

Baque da Alvorada em São Luis de Paraitinga – SP

Foto: Karina Gomes

Neste último final de semana, na madrugada de 18 pra 19/05/13, integrantes do grupo Maracatu Palmeira Imperial participaram do Baque da Alvorada, na cidade de São Luis de Paraitinga, sob o apito do Mestre Flávio Itajubá – Baque do Vale, e do Mestre Arlindo – Nação Cambinda Africano.

O Baque da Alvorada é realizado desde 2011, sob organização de Flávio Itajubá e recebe vários outros grupos de Maracatu para esse arrasta na tradicional Festa do Divino de São Luis.

Para acompanhar mais notícias sobre este evento, curta a página do Grupo de Maracatu “Baque do Vale” no Facebook e a página da “Cultura na Kombi”, um projeto sociocultural formado por um coletivo de artistas, gestores e realizadores culturais do Vale do Paraíba, com o objetivo de levar a arte, a cultura e o desenvolvimento para comunidades em situação de vulnerabilidade social, utilizando como a marca do projeto, o transporte da equipe e estúdio de áudio e vídeo móvel, um veículo Volkswagem Kombi ano 74 original.

Axé!!